quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Colcha

Meus dedos tamborilavam o cesto e me pus a olhar o horizonte se desfazendo em rosa, lilás e azul. Sempre gostei de olhar o céu, não me cansam suas cores. E aquele cesto, eu não queria abrir. Era um cesto grande, alto, bem feito e envernizado. Mas abri. Curiosa, sempre. Me pus a observar o seu conteúdo. Uma coberta cheia de retalhos. Um presente estranho. Tecidos bonitos, outros nem tanto. Mas gostei. Aquela pedaço enorme de tecido agora unificado. Retalhos. No fundo do cesto, um bilhete. Use-a bem.
Como se usa bem uma colcha de retalhos?! Numa cama bonita? Pra cobrir meu corpo antes de dormir, depois de um banho quentinho?! Me aquecer...Nada é muito óbvio não é mesmo? Talvez um dia eu entenda...Ou talvez seja simples mesmo. Pra que complicar tudo? Cobertor é sempre cobertor. Amor é sempre amor. Dizer não é sempre dizer não. Espinha na testa é chato e incomoda... qualquer um. E assim por diante. Quer saber? Obrigada pela colcha de retalhos. Vou usá-la bem.
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Aprendi uma coisa: a colcha não me aquece, por que o calor é todo meu. Ela só faz o calor voltar de volta pra mim. Será que é coincidência o amor também ser assim?!

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